1 - Nosce te ipsum
Antes de todos os outros artigos…
Os textos elaborados em sala servem apenas como guia do que escrever no blog. Aquilo que está nas folhas não será meramente refletido aqui, por diversos motivos. Privarei primeiro pela minha privacidade e pela privacidade daqueles indivíduos e também instituições que podem vir a ser diretamente ou indiretamente mencionados.
Nosce te Ipsum
(Nosce te Ipsum = latim para “conheça a si mesmo)
Quem sou eu, e qual o meu contexto no mundo?
Primeiramente, faz sentido começar pelo mais necessário: a introdução. Me chamo Matheus Souza Zanzin, nascido e criado na zona leste de São Paulo. Como nasci em 2004, faço parte da chamada geração Z, a primeira geração que é considerada “nativa digital”.
Minha família, por parte de mãe, é nordestina, especificamente bahiana, com as histórias que me contam sobre a região da minha família descrevendo o local como um “mocambo” - isto é, um assentamento criado por ex-escravos.É desta família que vem o “Souza” do meu primeiro sobrenome. O que sugere em algum nível uma descendência portuguêsa, mas basta olhar para o rosto de meus familiares que claramente percebe-se o papel que a miscigenação desempenhou em minha família. Vivi consideravelmente mais tempo tendo contato com esta família do que com a outra, portanto sempre que eu falar “minha família” neste ou em outros textos, estarei falando desta, a família materna - a menos que seja deixado claro o contrário no contexto.
Já por lado de pai, a minha família é paranaense, especificamente de Terra Roxa, com descendência italiana, dado que meu bisavô veio da Italia fugindo da fome que acometia a região em que ele morava. É desta família que vem o “Zanzin”, meu último sobrenome, que é uma grafia incorreta do original “Zanzini”.
A união das duas famílias com bagagens e culturas distintas faz de mim, portanto, apenas mais um dentre milhões de pessoas que são fruto da miscigenação tipicamente brasileira. Ambas as famílias também são humildes no quesito financeiro (como era de se esperar ao levar em conta o contexto dado, embora tenha sido bem breve).
Isso se reflete em alguns aspectos, o que eu reconheço como mais marcante sendo o acesso ao ensino, uma vez que meu pai nem mesmo completou o ensino fundamental, e minha mãe, embora tenha o ensino médio completo, nunca pôde sequer pensar em cursar um ensino superior. Eu (e neste mérito, meus primos também) sou parte da primeira geração da família na qual cursar uma faculdade é a norma, e sou, também, o primeiro a conseguir uma vaga em uma universidade pública - uma conquista que veio com um esforço familiar notável, uma vez que ainda não trabalho.